Provar um grande vinho é sempre uma boa maneira de acabar o ano 2005, e começar em beleza o ano de 2006.
Mais uma vez a escolha foi um Pêra Manca, vinho que não precisa de muitas apresentações...
Feito com Aragonês e Trincadeira, apresenta-se com 14,5% , o vinho foi decantado, tendo a garrafa o número 929.
Mostrou-se muito complexo e intenso de aromas, com a fruta vermelha em compota de grande qualidade, alguma marmelada, com o trabalho de madeira muito bem integrado no conjunto com notas muito finas de torrados, baunilha.
Aberto quase 4 horas antes, o vinho não pára de mostrar novos aromas mostrando um bouquet de grande complexidade e qualidade, com mais chocolate, caramelo, especiarias (canela, cravinho, pimenta), tabaco (charuto) tudo em grande harmonia e que apetece cheirar e voltar a cheirar, pode-se tornar um vício...
Na prova de boca tem entrada de grande nível, torrados aliadas a chocolate e fruta em compota com algum vegetal, mostrando taninos sedosos, uma boca de luxo, frescura presente e a suficiente para que o vinho se mantenha agradável e sem se tornar enjoativo. Final de boca muito elegante e muito persistente, ligeiramente apimentado, no final apetece abrir mais uma garrafa.
Mostrou qualidades que só alguns vinhos conseguem atingir, justificando o motivo do seu estatuto de ícone da enologia em Portugal. Este 1997 custou 32€ na adega na altura do seu lançamento, justificando na sua plenitude o investimento feito, fora das loucuras dos 150€ que depois se pedem por ele.
Mas penso que não devemos tirar méritos a um vinho que os tem e não são poucos...a nota fala por si... 19