Esta prova é o encontro dos dois símbolos da enologia Portuguesa, que à muito tempo se queria fazer, e finalmente a conseguimos realizar. Mitos para muitos, a realidade fez com que se juntassem dois autênticos TITANS numa prova que seria para ser Douro Vs Alentejo mas dado o nível dos vinhos e o perfil completamente diferente fez com tal idiotice se metesse de lado e apenas contou o prazer e o desfrutar destes dois Senhores Vinhos.
Barca Velha 1995
Decantado duas horas antes e servido a 16 graus.
No copo mostrou uma bonita cor granada, nada de grandes concentrações. Para mim tal indicou logo que seria vinho delicado e com muita finesse. Mostrando-se muito fechado de início com cheiro a caixa de cartão e algum sulfuroso, que com o tempo foram desaparecendo. Com o aquecer do vinho até aos 18º, começou a mostrar-se completamente diferente do inicial.
Passadas 2h30m os aromas a fruta vermelha e preta com compota e a madeira bem metida lá pelo fundo, resultando um belo casamento de conjunto, ligeiro toque floral com tabaco muito discreto, vinho com um bouquet muito delicado quase de cristal a partir a qualquer instante.
Na boca está como no nariz, afinadinho, bem seguro de si, nada de concentrações alarves, mostra um final de boca mineral e algum vegetal seco. Com uma boa persistência final bastante agradável
Conclusão: Este vinho foge claramente dos novos padrões do Douro, carregados de fruta e álcool, neste Barca Velha temos uns 12,5º e aqui trabalha-se mais ao nível de relojoaria Suíça. Não sei, mas para quem nunca bebeu um Barca Velha o estar à espera de um vinho diferente pode muito bem sair ao lado. Para mim ficou um pouco fora do meu gosto, mas não deixou de ser um vinho muito bem feito onde dá lugar a uma elegância e deixa as loucuras de potências e batidos de fruta para outros lados. 18
PÊRA MANCA 1995
Decantado duas horas antes, com filtro servido a 16 graus.
Revela um granada escuro, com um bordo cor de tijolo que indica a idade de 10 anos.
Entramos dentro do copo e as notas verdes da Trincadeira mandam neste vinho, esperando como bom Alentejano vai abrindo e surgem então as notas da Aragonês já com fruta vermelha e negra em compota, ligeiro toque de madeira que está perfeitamente ligada no casamento das duas castas. Tudo em grande harmonia.
Na boca o vinho mostra notas da idade confirmando completamente o seu nariz, mais uma vez a elegância toma conta da prova, sem excessos e castas extremamente bem ligadas. Um PERA MANCA no seu melhor.
Conclusão: Sinceramente este vinho raramente passa incógnito em prova tal as vezes que já se provou... Tendo o privilégio de ter provado e acompanhado a sua evolução ao longo do tempo, direi que o seu melhor já passou e dentro de pouco começa a descida, à coisa de 3 anos estava um Super Vinho dos melhores que provei até hoje. Mas o estilo não engana, e dentro do copo provar uma delícia destas vale bem a pena... Pois e o preço ??... isso não posso falar porque todos os que tenho foram comprados no produtor e custaram cerca de 30 euros...
Comentários sobre a prova: As provas deste calibre servem para aprender e não para entrar em jogos de a ver quem vai ganhar... Duas realidades diferentes, o mesmo ano e dois excelentes vinhos... na minha opinião e dentro do meu gosto pessoal leva a dizer que gostei mais do Pera Manca 95 mas isso já é outro assunto... 18