Vinhos
Reservado, Reserva e afins: afinal, o que isso quer dizer?
Ler o rótulo de um vinho não é tarefa muito simples em alguns casos. Na hora da compra o consumidor fica meio perdido diante de tantas opções, tantas informações que pode facilmente ser induzido a uma compra não muito boa porque interpretou mal uma palavra ou expressão contida no rótulo.
Uma confusão comum está ligada aos termos Reservado, Reserva e Gran Reserva que encontramos em vinhos do mundo todo. Mas o que elas efetivamente querem dizer?
O termo Reservado é muito usado por produtores chilenos para designar seus vinhos mais simples. Quem nunca bebeu um Concha y Toro Reservado ou um Santa Carolina Reservado? Eu mesmo já bebi muitos, mas essa palavra não quer dizer muito porque foi criada para dar ao vinho um ar de superioridade que ele simplesmente não tem.
Embora possa ser um vinho agradável, não é um grande vinho, daqueles inesquecíveis. Essa estratégia pretende atingir o consumidor menos experiente, que pode imaginar que esses vinhos sejam melhores que outros que não tragam essa mesma designação. Alguns produtores sequer mencionam esses vinhos Reservado em seus sites.
Já as expressões Reserva ou Gran Reserva podem significar muito se as regras adotadas pelos países disciplinam a questão. Por outro lado, pode ser apenas mais uma estratégia para atrair o consumidor.
Um exemplo clássico vem da Rioja, importante região da Espanha. Lá, um vinho só pode ser chamado de Reserva quando permanecer por três anos na vinícola, sendo 12 meses em barricas de carvalho e os outros 24 meses em barricas ou já engarrafado.
Já os vinhos Gran Reserva ficam cinco anos na vinícola, sendo dois anos em barricas de carvalho e os outros três anos envelhecendo na garrafa.
Outros países adotam legislação com exigências semelhantes. Mas, um vinho chileno, argentino ou brasileiro com essa expressão no rótulo indica apenas que ele pertence a uma linha mais valorizada pela vinícola, porque passou por madeira ou ficou mais tempo na cave do produtor para ganhar equilíbrio, por exemplo.
Nesses países não há regras legais ou exigências para o uso das expressões, que se equivalem a outras também utilizadas, como reserva especial, seleção do enólogo, reserva privada etc.
O ideal - especialmente no caso da América do Sul - é que a questão fosse disciplinada pela legislação, para que as designações Reserva, Gran Reserva, Premium etc. sejam utilizadas apenas nos vinhos que realmente cumprirem certas regras. Isso faria muito bem aos consumidores!
Saúde a todos!
loading...
-
Um Tinto Brasileiro De Respeito: Casa Valduga Raízes Gran Corte 2010
A primeira vez que provei esse vinho da Casa Valduga foi às cegas, na condição de jurado de uma edição do Encontro de Vinhos, em Campinas. Na ocasião faturou o primeiro lugar entre os tintos e causou grande surpresa, especialmente entre aqueles...
-
Vale A Pena Comprar Um Casillero Del Diablo?
Já não compro vinhos da linha Casillero del Diablo e os motivos são simples: a essa altura, na condição de apreciador de vinhos com alguma experiência, procuro vinhos diferentes, mais interessantes e até mais baratos do que esse clássico da Concha...
-
Esperava Mais Desse Californiano: Bridlewood Monterey Pinot Noir 2011
Esse vinho é rotulado como varietal de Pinot Noir, mas leva 5% da uva emblemática dos Estados Unidos, a Zinfandel, uma prática permitida na legislação de quase todos os países produtores de vinho. Tem passagem de 6 meses por barricas de carvalho...
-
Não Há Santos No Mercado Brasileiro Do Vinho!
Há um tempo ouvi um especialista em Direito Tributário dizer que o brasileiro é um infeliz, pois é o único cidadão do mundo que é chamado de “contribuinte”. Nos demais países os cidadãos são chamados de “pagadores”. Então, nesse quesito...
-
Melhor Lá Fora, Esquecido Cá Dentro...
Nos dias de hoje tem-se a ideia de que um vinho para ser muito bom tem obrigatoriamente de ser caro, caso contrário torcemos o nariz até porque colocar vinho barato na mesa não dá o mesmo status do que meter um vinho que todos sabem custar menos...
Vinhos