JANTAR DE CAÇA DO COPO DE 3
Vinhos

JANTAR DE CAÇA DO COPO DE 3


Sábado dia 9 de Dezembro, era noite cerrada e o frio percorria as ruas da velha Callipole, procurando algum incauto que se fosse aventurar nas mesmas sem o devido agasalho.
Mesmo assim, ouviam-se passos apressados que se esgueiravam pela noite, dirigindo-se para uma ruela, onde duas luzes tremendo sinalizam a Taverna dos Conjurados.
Uma após outra, várias pessoas passavam o portão e entravam na Taverna, respondendo à chamada que tinha sido feita... lá dentro a conversa animava e aquecia a noite, fazendo esquecer o frio que se ia instalando lá fora, era hora de começar o Jantar de Caça do Copo de 3.

Como é costume nestes encontros, realizou-se uma pequena prova de vinhos antes do jantar, o objectivo é dar a conhecer alguns vinhos menos conhecidos, vinhos de outras regiões, algumas novidades, mas acima de tudo para que se fale de vinho, se troquem impressões e se promova o diálogo entre pessoas e obviamente se fique a saber sempre um pouco mais.
Desta vez o leque de vinhos em prova aumentou ligeiramente tal como a qualidade dos mesmos, neste jantar estiveram presentes os enólogos Luis Chouriço (Quinta do Mouro), Sandra Gonçalves (Dona Maria), Tiago Garcia (Herdade das Servas) e Allison Luiz-Gomes (Azamor Wines) que nos brindaram com a sua simpatia e nos falaram um pouco dos vinhos pelos quais são responsáveis.
Durante a prova foram servidas algumas entradas com destaque para:

Coelho à S.Cristóvão
Paté de Veado com molho de Frutos do Bosque
Mostra de Enchidos de Caça : enchido grosso de veado, de javali; chouriço de javali e de veado; alheira de caça.
Queijo Chevre com doce de framboesa
Queijo de ovelha gratinado em azeite


Marcolino Sebo Rosé 2006: curiosamente costuma ser sempre o primeiro rosé da nova colheita, desta vez o 2006 mostrou-se ao nível do seu anterior, muito frutado com ligeira doçura presente e uma ponta refrescante no final, é um vinho a conhecer.

Viña Mocén Verdejo 2005: um vinho da famosa região espanhola RUEDA onde a casta Verdejo é rainha, este exemplar não se mostrou com um nível muito exuberante ficando um pouco escondido e tímido, talvez a presença perante tanto estrangeiro o tenha deixado mais recatado, boas notas florais com fruta (citrinos) e erva cortada tudo em nível médio e com uma boca de boa entrada, fresco e alguma acidez presente mas não tanta como seria de esperar, final persistente.

Quinta do Cerrado Encruzado 2005: de passagem pelo Dão, foi colocado em prova um vinho que não aparece por terras do Alentejo, um varietal Encruzado que tem uma belíssima relação preço/qualidade, nariz mineral com ligeira fruta presente, frescura, herbáceo, tudo em boa harmonia. A dar uma bela prova de boca, boa acidez com final mineral, um vinho que foi do agrado geral.

Quinta de Cidrô Sauvignon Blanc 2005: foi em geito de brincadeira que este vinho apareceu em prova colocado lado a lado com o Duriense Lavradores de Feitoria Sauvignon Blanc 2005.
Neste caso temos um vinho numa versão mais concentrada e menos exuberante, com perfil próprio com mais corpo e a encher mais a boca, digamos que não é tão delicado.

Lavradores de Feitoria Sauvignon Blanc 2005: mostrou-se mais exuberante que o anterior, aromas a querer saltar do copo, perfil mais internacional, pessoalmente penso que o 2003 estava bem mais conseguido que este 2005, é muito fresco e tem tudo para agradar, corpo delgado com acidez a marcar presença, talvez na boca perca para o vinho anterior visto que se perde um pouco do entusiasmo que tem no nariz. Como seria de esperar foi o eleito entre os dois.

Dona Maria branco 2005: o representante das terras do Alentejo, vem de Estremoz e é um lote das castas que reinam no Alentejo, Antão Vaz, Arinto e Roupeiro... o seu perfil é mais formal, menos exuberancia mas mais consistência e harmonia de conjunto, nariz a fugir nitidamente aos anteriores mais complexo e seguro, na boca mais do mesmo num vinho que tem tudo para agradar.

Castello Dalba Reserva 2005: este vinho foi escolhido por ser de lote e obviamente por representar os bons Douros com estágio em madeira, um branco de Inverno mais encorpado que veio dar entrada à prova dos tintos... já tendo sido aqui provado, o vinho encontra-se em grande forma e fez as delicias de quem o provou, acompanhou em grande estilo uns queijos de ovelha gratinados com ervas aromáticas tal como outras entradas...

A partir deste momento a prova mudou de tonalidade, passando para os tintos:

Herdade da Figueirinha Syrah 2004: Foi o vinho de abertura, fugiu um pouco ao esperado, um Syrah apagadinho, bem feito mas nada de mais... valeu como curiosidade. A ser provado mais tarde no Copo de 3.

Azamor 2004: depois de um muito bem conseguido 2003, surge este novo 2004 mudou ligeiramente de perfil, é o digno representante das terras Callipolenses visto que o vinho é feito no concelho de Vila Viçosa, para surpresa de alguns dos presentes. Este vinho será alvo de prova mais detalhada no Copo de 3.

Quinta da Garrida Reserva Touriga Nacional 2003: ora aqui temos um vinho que muito deu que falar, ao servir assusta tal a tonalidade escura que apresenta, um impacto de violetas atinge o nariz com fruta muito madura cercada de notas de madeira de grande qualidade, a evolução no copo é digna de registo, grande vinho era o que se ouvia, na boca alguns taninos mais rebeldes revelam que o vinho precisa de um tempo na garrafeira, mais um ano e o nível vai ser superior ao 2001, nitidamente o típico Tourifa do Dão e um dos melhores Touriga Nacional provados, e o preço... ai o preço...

Quinta do Mouro Touriga Nacional 2003: para que o anterior vinho não andasse a brilhar sozinho por terras do Alentejo, chegou este Sr Vinho, são os dois da mesma idade e com tanto para dizer a quem os prova, aqui o perfil muda completamente, temos mais Alentejo, vegetal, fruta e floral, menos frescura e mais equilibrio de conjunto, está mais pronto a beber mas com tanto tempo pela frente... são estes diamantes que vale a pena perder tempo em lapidar como deve de ser para se ficar com uma grande jóia...

Esporão Touriga Nacional 2001: nestas coisas quando um pensa que está tudo dito no que toca a vinhos de alta expressão... acontece sempre algo que nos muda as ideias... sorte dizem uns, intervenção divina dizem os outros, mas lá no fundo uma garrafa empurrava as outras como que a dizer que deixem passar que agora falo eu... este Touriga Nacional é o Aquiles dos Touriga Nacional tal o número de batalhas que já travou e obviamente ganhou sem grandes hipóteses para o adversário... neste momento brilha como uma estrela, tem tudo no seu sítio, um aroma digno do melhor perfume, um corpo perfeitamente talhado para o herói mítico que é... só tem um ponto fraco... é quando se acaba.

Herdade do Portocarro 2004 (amostra): foi uma curiosidade apenas provada por alguns, os restantes ainda estavam deliciados com o anterior... do grupo que provou este Portocarro foi concluido que o vinho se encontra em grande forma dando uma prova bastante interessante e de bom nível, estando no ponto para ser consumido, vamos então esperar por ele que vale bem a pena, será alvo de prova atenta no Copo de 3.

Alves de Sousa - Vinha Lordelo 2005 (amostra): mera curiosidade, o vinho atrapalhou-se durante a prova e ao que parece trocou o seu discurso... não tem importância pois é algo que pode acontecer com amostras.

Acabando aqui a prova de vinho, foi servido jantar:

Sopa:
Canja de faisão

Sabores de Caça:
Perdiz à Infanta Dª. Maria
Escalopes de Veado com Maçã Reineta flamejada em Vinho do Porto

Os vinhos que acompanharam o jantar foram:
Duradero 2004: É um vinho que se pode chamar de Ibérico, feito por duas adegas, a portuguesa Quinta do Portal e a espanhola Liberalia, um Douro e um Toro onde se juntaram as castas Tinta Roriz e Tinta de Toro, com 15% é um vinho em que domina a pendente balsâmica, caramelo, cacau, vegetal e flores... a madeira está presente com torrados e baunilhas, tudo muito presente, o vinho é gordo e enche a boca, um pouco enjoativo após o segundo copo, não foi vinho que viesse despertar grandes emoções.

Protos Reserva 2000: Foi o representante dos vinhos de Espanha no jantar, um Ribera del Duero no seu explendor, notável o trabalho das madeiras que é diferente do que se faz em Portugal, são vinhos com uma envolvencia muito grande e que transbordam elegancia durante toda a prova, sedosos e bastante equilibrados é dificil passar ao lado de vinhos com esta qualidade.

Dona Maria - Amantis 2004: Aquele que já foi uma boa surpresa é agora uma boa confirmação, o gama média/alta deste produtor vai sair para o mercado no início de 2007 e já se mostra ao mais alto nível, tem o seu Q de enigmático dando provas de que o melhor estará para vir, um vinho onde a cumplicidade provador/vinho os pode transformar em puros Amantis, a seguir com muita atenção.

Herdade das Servas Aragones 2004: Os vinhos deste produtor tem algo que é digno de realçar... saiem bem à primeira, depois de bons exemplos como é o caso do Reserva e do Touriga Nacional, vem agora este Sr. Aragonês mostrar aquilo que vale, e vale muito tendo em conta o que mostra nesta altura e o que ainda vai poder mostrar com a idade, um grande Aragones bastante elogiado durante todo o jantar.

Azamor Petit Verdot 2004: Se o Rui Veloso canta Não há estrelas no céu, canta muito bem, estavam todas aqui neste jantar, e este Petit Verdot é mais uma, já tinha sido provado antes do seu lançamento e tinha deixado uma vontade de repetir, o vinho nesta altura melhorou mais um pouco, mais afinado, mais harmonioso, dá bastante prazer em provar este vinho, a perdiz que o diga, sem sombra de dúvidas um vinho diferente para melhor, o Alentejo tem destas coisas.

No final com o respectivo café e a Tiborna, o doce típico de Vila Viçosa, foi servido um Poças LBV 1998, que se mostrou em boa altura para ser consumido, frescura e equilibrio entre nariz e boca são o que definem este LBV.
E foi assim que se realizou mais um jantar de convívio em redor do vinho e neste caso da caça, a boa disposição foi reinante com alguns momentos para mais tarde recordar, pessoalmente considero este jantar ainda melhor que o primeiro, a qualidade dos vinhos, a qualidade dos pratos e mesmo número de participantes que tem vindo a aumentar... aos cantadores, oradores, provadores, enólogos e restantes participantes um muito obrigado e até à próxima...



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