Vinhos
Copo de 3 no Encontro do Vinho e Sabores 2005 PARTE I
E pronto chegou o Encontro mais esperado por todas as pessoas que gostam de vinho, desde os mais curiosos até aos mais entendidos, eles estão todos lá de copo na mão, a provar os belos néctares que vão sair para o mercado ou que já estão no mercado, é o Encontro com o Vinho e Sabores... e o Copo de 3 esteve lá.
Sábado dia 5 de Novembro:
Com uma pequena viagem pelos Vinhos do Mundo, começou com uma prova de 3 tipos de Chardonnay de 3 países diferentes, Chile, Austrália e Argentina, sendo os vinhos em prova:
Trivento Golden Reserve Chardonnay 2004 Argentina: Tem uma tonalidade amarelo dourado com rebordo esverdeado, mostra-se muito aromático, com fruta tropical, leve massa-pão do estágio em madeira, mais untuoso na boca que os outros vinhos da prova, um belo vinho, sendo este o que mais se destacou na prova.
Casillero del Diablo Chardonnay 2004 Chile: Apresentou-se com tonalidade leve e dourada, boas notas a fruta tropical leve recordação de maçã verde, especiarias e baunilha do leve estágio em madeira. Final de boca é médio/longo com a boca igual ao nariz e leve mineral no final. Muito bem este vinho Chileno faltando um pouco de corpo para o meu gosto pessoal.
Rosemount Diamond Chardonnay 2003 Austrália: De uma tonalidade mais carregada, vinho com estágio em inox, mostrando-se mais simples e directo em aromas do que os restantes, mostra bom nível mas não deixa de ser um vinho simples e agradável.
Passando para a Nova Zelândia provámos um Villa Maria Sauvignon Blanc 2004... aroma à casta num vinho bem equilibrado e bem de boca e nariz. Muito apelativo e de bom nível.
Passagem por França com um Rosé de La Chavaliere 2004, diferente da moda tuga de rosés super frutados, este mostrou-se elegante e com uma prova de boca muito distinta. Rosé muito harmonioso e cheio de classe.
Breve salto pela Áustria de onde veio um Schloss Gobelsburg 2003 Grüner Veltliner Steinsetz, de destacar para quem não sabe que Grüner Veltliner é a casta com que se faz este vinho, e é a casta responsável por parte dos grandes vinhos da Áustria, alguns deles desta mesma casa. Este vinho mostrou-se muito mineral e fresco com nível de acidez bem marcado... tem um corpo que aguenta o vinho durante toda a prova, belos aromas, um tipo de vinho completamente diferente dos nossos, de grande categoria e que me agradou muito.
Da Áustria ainda form provados os famosos KRACHER, elaborados a partir das castas Chardonnay e Welschriesling foram provados o Kracher Traminer Auslese 2003 mais simples que se mostrou interessante mas a pecar no final de boca, e o Kracher Beerenauslese Cuvée 2003, muito mais intenso e com um final de boca muito superior ao Auslese, notas de muita fruta, floral, mel, tudo em excelente equilibrio de nariz, com uma prova de boca ao mesmo nível com a acidez no ponto a dar a frescura adequada para que o vinho não se torne enjoativo, um grande grande vinho doce.
Mais ao lado,a Hungria com os famosos e lendários Tokaji, neste caso os vinhos da famosa casa OREMUS propriedade da Vega Sicilia, onde deu para provar:
Oremus Tokaji Late Harvest 2002 : muito bem na prova de nariz, bastante bom a nível de aromas com fruta, mel, floral, mostra-se fresco e elegante mas peca um pouco no final de boca e no corpo, ainda tendo em recordação o anterior Kracher.
Oremus Tokaji Aszú 3 Puttonyos 1983: com uma tonalidade âmbar muito limpa e brilhante, mostrou-se bem no nariz, com fruta (pêssego), mel e leve toque especiado, na boca tem bom corpo, boa acidez mas a faltar alguma doçura.
De lembrar que estes vinhos são elaborados a partir das uvas Aszú, uvas estas que tem a chamada podridão nobre (Botrytis Cinerea), dentro da quantidade de açúcar, podemos classificar com 3, 4, 5 ou 6 Puttonyos, onde 3 puttonyos implica adicionar 75 kg de pasta Aszú a 136 litros de mosto.
Quase a chegar a Portugal, passamos ainda pela vizinha Espanha, em que metemos em prova 3 grandes vinhos:
Pintia 2002 : Da região de TORO, 14,5% vai no segundo ano este vinho das Bodegas Vega Sicilia, tem um perfil muito mais domesticado que a colheita de 2001, o que o torna mais fácil de beber neste momento, o que não implica que com mais um tempo de garrafa fique melhor. Feito com Tinta de Toro, aromas com muita fruta e torrados da madeira, cacau, café... Tem uma boa prova de boca, com fruta equilibrado entre nariz e boca, harmonioso. Persistência final muito boa a lembra café com cacau e algum fruta. Belo vinho e o segundo da prova.
Aalto 2001 : Ribera del Duero, 100% Tempranillo com 14%, este vinho perdeu qualidade devido a que as melhores uvas foram para o AALTO PS, mas estamos frente a um vinho que se mostra com boas entradas de fruta madura, alguns torrados acompanhados de um leve caramelo. Na boca mostra-se um pouco adstrigente, com acidez a dar frescura a um vinho que mostra qualidade. Dos 3 vinhos em prova foi o que se mostrou mais fraco.
Alion 2001: Ribera del Duero, 100% Tinta Fina, 14%, um vinho que só ganha com o tempo, cada vez se encontra melhor, no nariz o aroma distinto e elegante, ao mesmo tempo complexo, com notas derivadas do estágio em barrica a juntarem-se à fruta de grande qualidade. Torrados suaves, com fruta madura, cacau, café, leve especiarias com um toque mentolado. Na boca tem o nível do nariz, muita fruta com os aromas a cacau, café, vinho elegante e sedoso na boca, com uma persistencia final alta e de grande nível. Sem dúvida o melhor dos 3 em prova, e um vinho que não deixa ninguém indiferente. Os 95 Pontos do Sr Parker ficaram então explicados.
Acabando a viagem pelos vinhos estrangeiros, é tempo chegar a Portugal.
A primeira prova foi o melhor branco da prova feita pelo Encontro do Vinho, o Esporão Private Selection Branco 2004, que eu sou grande apreciador, mais um vez mostrou um grande nível, muito bem afinado com muito bom nariz, tem o trabalho de madeira muito bem feito, guloso, e ao mesmo tempo a acidez faz com que seja fresco, um vinho que me lembra a primeira colheita de 2001... um grande branco. Os outros premiados foram o tinto Cortes de Cima Touriga Nacional 2003 e o Espumante Quinta de Cabriz.
De passagem para os Tintos, e começando pelo Alentejo:
Dona Maria Reserva 2003: Muito boa entrada de nariz, com madeira e fruta muito bem trabalhadas num conjunto mais que apelativo, sensual e muito tentador, peca ainda um pouco na boca pois vai querer dormir um pouco mais, para harmonizar todos os seus atributos, a coisa promete.
Dona Maria «Amantis« 2004 - amostra casco - Vinho que se vai situar no meio da gama, está com muito bons aromas de nariz, tem potencial o Amantis, e na boca o perfil de amostra mais que presente.
Herdade dos Grous Reserva 2004: Este vinho foi o vencedor da Talha de Ouro da Confraria dos Enófilos do Alentejo, muita gente pensa que a Talha foi para o seu irmão mais novo, mas não passa de um erro, o premiado foi este, e mostra com todas as suas virtudes e qualidades o porquê da escolha.
Grou 2004: Novo produtor da zona de Cabeção, quando provei este vinho e não me pareceu um Alentejo mas sim um Douro, mas é mesmo Alentejo, e temos uma pedra preciosa em bruto à espera de ser lapidada, se lá vai chegar só o tempo o pode dizer... por agora está ainda tudo por se juntar e harmonizar mas mostrou-se muito bem.
Breve passagem pelos vinhos da Malhadinha, com prova do Malhadinha Tinto 2004 ainda em amostra, mas que parece ser melhor vinho que o 2003, provou-se também a novidade Pequeno João ainda em amostra e que tem a particularidade de ser apenas engarrafado em garrafas de 375 ml mas é um vinho que segue a qualidade do produtor, e também do Aragonez, este que se arrisca a ser o melhor exemplar desta casta por terras do Alentejo.
Deixamos as terras do Alentejo e com breve paragem pela Estremadura, no Farol daquela zona, Quinta do Monte D´Oiro.
Madrigal 2004 - Feito com a casta Viognier, apresenta-se com 14% de tonalidade amarelo dourado de fraca intensidade, no nariz é fabuloso, uma delícia, mas na boca este vinho perde muito para o nariz, muito equilibrado com acidez muito bem colocada a fazer deste Madrigal um caso muito sério... caso fosse tão exuberante na boca como no nariz.
Colheita 7 de Outubro - Respiremos bem fundo e mergulhamos neste líquido de tonalidade dourada, aromaticamente bem melhor que o Madrigal, este vinho parece um SPA para o nariz, na boca tudo bem colocado, harmonioso, equilibrado, com notas de infusão de mel que se instalam suavemente na memória, sem dúvida um vinho excelente...
Quinta do Monte D´Oiro Reserva 2001 - Finalmente um Reserva que eu gostei... pensei que tinha algum defeito na lingua mas este vinho curou-me... está com um trabalho muito bom de madeira, tudo muito bem, elegante, suave, harmonioso, tudo muito bem e tudo muito grande. Talvez o melhor Reserva desta casa.
Seguindo viagem, destino Douro:
Muxagat Branco 2004: Boa prova de nariz, com boa entrada, muito aromático e com perfil mineral.
Muxagat Tinto 2003: Está um vinho engraçado mas que não me despertou muita curiosidade.
Brunheda Vinhas Velhas 2003: Ainda está a acordar, mas vai ser coisa séria, o nível de qualidade lembra o Vinhas Velhas de 2001.
Vale da Corça 2001: Topo de gama desta casa, um ano em garrafa só lhe fez bem, e afinou para um conjunto muito mais elegante, poderoso de aromas mas tudo muito bem colocado no nariz. Prova de boca gulosa e madeira de muito bom nível.
Aneto 2003: Muito bom nariz com uma excelente evoluçao em copo, o trabalho de madeira está lá e muito à frente... tem tudo aquilo que eu gosto num vinho, um Douro sem exageros. Na boca está muito equilibrado, lembra um pouco o 4 Ventos Reserva 2001, tudo com grande perfil num grande vinho de Portugal e claro está, do Douro.
Charme 2004 -amostra- Pois provar este vinho é algo que não se esqueçe ainda por mais quando o nariz é um mimo, e ainda estamos com um vinho em amostra... mas pronto, é um Bouquet que respira Charme, ainda melhor que o 2002, e na boca é melhor nem dizer nada.
Batuta 2003: Já anda por aí, está bom, está mesmo muito bom com um perfil diferente do Charme mas não se podem comparar estilos diferentes, é um vinho de alto nível, este par de jarras assusta pela sua elegancia, cada um com seu estilo mas sem dúvida alguma que são dois dos melhores vinhos de Portugal... pronto eu calo-me.
Quinta do Vallado Tinta Roriz 2003 : o melhor Tinta Roriz que provei no Encontro, a casta no seu explendor máximo, sinceramente está redondo, taninos muito bem integrados no vinho que dá um prazer no nariz enorme, o tabalho com a madeira, os torrados, baunilhas, pontas de cacau e café, esses caramelos de leite... hummmm.E pronto, este foi o primeiro dia do Encontro, muita coisa ficou por provar, e espero voltar com mais novidades, na segunda parte Segunda dia 7 de Novembro.
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