Festival Côtes du Rhône - Fritz Haag & Douro Boys
Vinhos

Festival Côtes du Rhône - Fritz Haag & Douro Boys


O tempo foge-me pelos dedos qual areia fina, bem o tento segurar mas é impossível, nos dias que correm as atenções e emoções andam voltadas para aquele que sem o conhecer já me rouba toda a atenção, vou ser pai. Tudo isto me serve para tentar explicar minimamente a razão pela qual as "coisas" andam meio paradas por aqui. Sentado à secretária com um copo de Porto 40 anos, as emoções que sinto ao escrever estas linhas, são tantas que nem sei por onde começar.
Realmente torna-se complicado tentar descrever com detalhe tudo o que se passou e provou, na Quinta de Nápoles (Niepoort) no passado dia 17 de Janeiro do presente ano. A romaria tinha sido feita de véspera, o chamamento foi de tal maneira forte que os enófilos acudiram de todo o lado para poderem estar presentes, naquele que desde já se assume, a meu ver, como candidato a evento do ano, chapeau Mr Dirk!

E se o Sábado já tinha sido um grande dia de provas, visitas e animadas conversas, (a contar num próximo capítulo), o Domingo foi o despoletar de um rol de emoções que marcaram todos os presentes. Vieram até nós, um grupo de 15 produtores existente vai para 17 anos (Rhône Vignobles) de uma das melhores zonas produtoras de França, Côtes du Rhône. Diga-se de passagem que é uma das zonas que mais aprecio em França e que considero ter das melhores relações preço/qualidade.
Uns mais conhecidos que outros, não poderia esquecer o Domaine Clape que se juntou também a este evento, onde todos os produtores colocaram os seus vinhos em prova para os cerca de 250 convidados que ali se deslocaram. Não entendi que seria nem o local, nem o momento para tirar notas de prova de este ou daquele vinho, dediquei-me apenas a aprender com aqueles que de tão longe vieram para mostrar o que de melhor sabem fazer. No geral fui dar com um lote alargado de vinhos que nos falam de terroir, vinhos frescos, onde a fruta se mostra viva e limpa, sem toques exagerados de doçura ou compota, onde a harmonia envolve palavras como mineralidade/fruta/madeira. Vinhos com taninos firmes e finos, sinal de longevidade assegurada, onde se invoca algum mato seco, em alguns casos algum cogumelo, tudo numa fina complexidade que nos faz ficar presos ao copo por largos instantes. Foram largas as horas de conversa e de prova com todos eles, prolongando-se desta maneira o fantástico jantar que tínhamos tido na noite anterior que falarei a seu tempo.
Como cereja no topo do bolo, nesta festa de aromas e sabores, da Alemanha veio um produtor especial e de enorme gabarito a nível mundial, em que não engana a altíssima qualidade que todos os seus vinhos transparecem no acto da prova. Se a casta Riesling tivesse deuses, o produtor Fritz Haag seria um deles. Não nego que me sinto privilegiado por ter tido o prazer de ter sido servido pelo próprio e ter trocado por um breve instante, reconheço que estive mais tempo calado porque ali só se podia estar e andar para aprender.

De Portugal estavam presentes os Douro Boys, que acabaram por ficar um pouco à margem devido ao chamariz da novidade que obviamente seria de esperar por parte dos produtores estrangeiros. Vistas as coisas, são mais as vezes que se tem oportunidade de provar os vinhos dos Douro Boys, que propriamente dos Rhône Vignobles, Fritz Haag ou Domaine Clape.

O evento culminou com um mega-almoço em plena adega, servido pelo Restaurante DOC, do Chef Rui Paula, com muita qualidade no produto apresentado como seria de esperar, temperado por uma animada cavaqueira numa mesa corrida para os 250 convidados. Os vinhos foram desfilando a bom ritmo, e não me lembro de ver um almoço onde o serviço fosse feito em magnuns de Batuta 2004 e 2005, Charme 2006 e 2007, Soalheiro Primeiras Vinhas 2007 e 2008, com outros vinhos que iam surgindo aqui e ali, que almoço... que almoço.

Muita cara conhecida, muitos amigos que dá sempre gosto rever nestas ocasiões, outras caras que se ficaram a conhecer e quando tudo estava ou pensava que estava a terminar eis a cereja no topo do bolo. A grande surpresa do dia, sim que isto ainda continuou, estava guardada para o final, mas isso penso ser um momento muito especial que pede para si mesmo um texto aparte. (continua aqui)



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