Dez perguntas para... Marcelo Copello
Vinhos

Dez perguntas para... Marcelo Copello


Ele é um dos mais respeitados críticos do vinho no Brasil. Foi eleito como o “melhor jornalista” pela revista Meininger’s Wine Business International em 2009 numa matéria destinada a indicar “quem é quem” no cenário brasileiro do vinho.

É fundador e ex-Editor Chefe da Revista Adega e escreve atualmente para as revistas Gosto e Revista de Vinhos (Portugal), sendo o primeiro brasileiro a ter uma coluna de vinhos em veículo europeu. É autor de quatro livros de sucesso, sendo que Vinho & Algo Mais foi indicado para concorrer ao importante Prêmio Jabuti. Tem sua própria escola (Mar de Vinho) no Rio de Janeiro.

Mas seu principal diferencial, penso eu, está na isenção. Conforme deixa claro em sua página na internet, nunca teve seu nome associado a nenhuma marca ou produto, não mantendo nenhum tipo de relação comercial com importadoras, vinícolas, lojas ou quaisquer empresas que comercializam vinhos.

Quando tive os primeiros contatos com as colunas e críticas de Marcelo Copello, me chamou atenção a maneira com que avaliava vinhos brasileiros sem nenhuma nota preconceituosa, mas sem o ufanismo que pode prejudicar a crítica.

Aceitou prontamente responder às dez perguntas a seguir:

VPT - Na sua atividade cotidiana, como manter a independência de crítico sem se indispor com alguém?

No início de minha carreira, nos anos 90, aconteceu de eu ser hostilizado por avaliar mal um vinho, mas isso foi raro e logo conquistei o respeito de todos, através de um trabalho sério e consistente. Hoje, pelo contrário, os produtores querem saber se acho que o vinho pode ser melhorado e sabem que vale a pena amargar algumas avaliações ruins e esperar uma boa, pois mais vale uma avaliação boa com a credibilidade de um profissional sério, do que mil avaliações boas de quem elogia tudo sempre.


VPT - Recentemente o Brasil recebeu o crítico Oz Clarke e dele ouvimos coisas boas e outras nem tanto a respeito de nossos vinhos. Com quais observações feitas por ele você concorda? Com quais discorda?


Confesso que não vi o vídeo todos e não poderia comentar.


VPT - Nos últimos anos o mundo do vinho foi invadido pelos blogs e pelas redes sociais, bombardeando o consumidor com muita informação. Quais os aspectos positivos e negativos desse fenômeno?


O lado negativo é que circula muita informação errada na rede e excesso de informação acaba nivelando tudo por baixo, para um leitor desavisado um blog anônimo ou falso, ou de alguém que começou no vinho ontem pode ter o mesmo peso do blog do New York Times. O lado positivo é que os blogs são grandes difusores da cultura do vinho, levando esta cultura a um nível de capilaridade que seria inalcançável pela mídia convencional.


VPT – O vinho importado no Brasil é um produto caro se compararmos com os preços na origem. Isso é fruto apenas da alta tributação ou os importadores tem sua parcela de culpa nesse processo?


Todo vinho é caro no Brasil, importado e nacional, fruto do que chamamos de “custo Brasil”, um mix de impostos, margens e custos em geral. Alguns importadores colocam margem alta sim, mas outros colocam uma margem necessária para bancar este custo Brasil, que é alto. O maior vilão o governo mesmo.


VPT - O mercado brasileiro hoje é respeitado internacionalmente em virtude do potencial de seus consumidores. E o vinho brasileiro? O que se fala dele no exterior?


O vinho brasileiro no exterior é uma novidade bem vinda. Primeiro pois a expectativa em relação ao nosso vinho é inexistente e quando se prova a surpresa por vezes é boa. Depois o Brasil como nação tem uma imagem muito positiva, o que ajuda bastante.


VPT - É possível comparar o vinho brasileiro com algum outro? Temos uma identidade própria?


Estamos ainda em fase de construção desta identidade, mas já podemos falar dos espumantes brasileiros, que são uma realidade, com seu estilo próprio.


VPT - O espumante brasileiro é realmente o “segundo melhor” do mundo?


Temos no Brasil uma mania de “melhor do mundo”, vinda de nossa cultura do futebol, do esporte, e vinho está mais para arte do que para esporte. Fazemos os melhores espumantes da América Latina, e isso já é para termos muito orgulho.


VPT - Com que freqüência bebe vinhos?


Em horas, minutos ou segundos?


VPT - Costuma levar seu próprio vinho a restaurantes? Qual sua opinião sobre a cobrança da rolha?


Sim, costumo levar e faço questão de pagar rolha ou dar boas gorjetas, pois acho fundamental que quem me serviu seja remunerado por isso.


VPT - Já temos o livro “1001 vinhos para beber antes de morrer”. Se você tivesse que mudar o título para “1 vinho”, qual seria?


Esta é uma pergunta recorrente, que sempre me fazem, e que já respondi de muitas maneiras diferentes. Recentemente em uma degustação vertical de Veja Sicilia Unico que eu apresentava, um dos participantes me fez esta pergunta e eu disse que seria um Champagne, talvez Krug ou um Salon, de alguma safra antiga. Ele ficou meio decepcionado, disse que esperava um tinto, e perguntou porque Champagne. Eu disse que era o que me dava mais prazer.

No fundo acho que não existe o “melhor vinho”, existe a “melhor companhia”, pois o melhor vinho é o que mais emociona e quanto mais vinhos provo vejo que a emoção vem não apenas do vinho, mas do contexto, da ocasião e principalmente do convívio que ele proporciona.

Valeu, Marcelo!



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