Vinhos
Castelli Romani Le Vignate Rosso DOC 2003
Preciso fazer duas confissões: a primeira é que tenho muita dificuldade para compreender as regiões vinícolas da Ítália e suas denominações de origem. A Denominazione di Origine Controllata foi a primeira qualificação dos vinhos italianos de qualidade, criada em 1963, atribuída aos produtos de cerca de trezentas regiões vinícolas delimitadas. Sua quantificação é difícil, pois algumas regiões, possuem diversos vinhos de distritos diferentes, mas são contadas como uma única DOC. Apesar disso, apenas 15% dos vinhos italianos pertencem às DOCs.
Este vinho é produzido pela Azienda Femar Vini, fundada nos anos 70, que tem vinhedos localizados na principais regiões viniferas da Itália, no centro e sul. Seus vinhos Montepulciano d’Abruzzo DOC e Negroamaro têm tido sucesso. Este rosso é produzido na região do Lazio (ao sul da Toscana), uma região de terra vulcânica e calcária, conhecida pela produção dos Frascati. Segundo informações da importadora, entram na composição deste vinho as uvas novello (85%), cesanese (10%) e merlot (5%).
A segunda confissão: quando comecei a me interessar por vinhos, nunca me imaginei seduzido apenas em ver o líquido no copo. Achava que o paladar e o olfato eram os sentidos que importavam, deixando o aspecto visual apenas como licença poética para enófilos viajandões. Acostumado à mesmice dos tintos sul-americanos, encontrei neste Castelli Romani o verdadeiro rubi caracterizador de vinhos um tanto mais maduros (os tintos jovens são púrpura, como preferem os italianos). Este vinho é rubi, com reflexos granada e toques acastanhados. Límpido, cristalino, brilhante, vivo. Poucas lágrimas (11,5 de álcool), mas um espetáculo de se ver!
No nariz, boa fruta. Algo lembrando frutas secas (ameixa) e alguma flor. Ao procurar mais informações, encontrei que a importadora sugere violeta, mas continuo em dúvida.
Álcool na medida, sem nenhuma ofensa. Na boca, muito equilíbrio. Pouco corpo, ladeado por um retrogosto agradável e frutado. Macio e elegante.
Final de boa persistência. Acompanhou muito bem o prato italiano vice-preferido dos brasileiros: lasanha, numa noite em que o calor do cerrado deu uma pequena trégua.
Por esta garrafa paguei R$ 22 e acho que valeu cada centavo. Um vinho muito bom na faixa de preço.
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