Vinhos
Um grande vinho (independente) do Chile: Acróbata 2011
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No rótulo o vinho tem indicação "entre cordilleras", porque não está preso a um único terroir. |
No último dia 24 de novembro tive o prazer de participar de uma edição do Winebar muito interessante com os vinhos do MOVI - Movimento dos Vinhateiros Independentes do Chile, nascido no verão de 2009 a partir da união de 12 sócios fundadores.
Atualmente o grupo é formado por 25 produtores com o propósito de divulgação de seus vinhos, já que os volumes elaborados são tão pequenos que somente assim é possível fazer frente às grandes vinícolas do país. Além disso, a filosofia por trás dos vinhos do MOVI estão na contramão de muitas práticas da grande indústria de vinhos. Assim, a declaração de fundação do MOVI diz que "cada garrafa elaborada pelos integrantes desse movimento reflete o caráter e a identidade da terra e o lugar que lhe deu origem". Enfim, a "digital do dono está em cada garrafa".
Veja aqui a lista de associados ao MOVI.
Pois bem. Para a degustação eu recebi em casa uma garrafa desse belo tinto da safra 2011, gentilmente enviada pelo seu "dono", o Jaime Roselló Larrain, que comanda a Viña Acróbata e conta com a colaboração do enólogo Patrick Valette Lamoliatte, com grande experiência na elaboração de vinhos na França (Bordeaux) e no Chile (vales do Maipo e Colchagua).
É um corte (assemblage) de Cabernet Sauvignon (69%) e Carmenère (31%), com estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês. A produção é de 17.488 garrafas e abrimos a de nº 2.066.
Em e-mail que troquei com o Jaime ele me diz que o acordo entre ele e Valette é "criar um vinho baseado em Apalta, mas com a liberdade e agilidade do Acróbata de saltar de um terroir a outro buscando as uvas e vinhos adequados a cada ano para o assemblage. Não estar presos a um único terroir".
Sin más, vamos ao vinho!
Na taça a cor é púrpura, denso, brilhante e lacrimoso. Aromas muito intensos. Destaque inicial para abaunilhado da madeira, notas de coco, cedro e leve tostado.
Em boca é elegante, macio, harmonioso. Muita fruta madura, frutos vermelhos e negros, taninos macios, acidez moderada. Madeira e fruta em equilíbrio. Surpreendente porque no nariz inicial parecia amadeirado. Final de boa persistência, repetindo frutos, especiarias e notas terrosas. Fundo de taça "colorido" de púrpura pelo vinho. Álcool a 13,5% de teor, mas muito bem integrados. A noite estava quente e o vinho não aumentou o calor de quem o degustou.
Tive impressão de maior presença das características da Cabernet Sauvignon chilena. A Carmenère também aparece com suas especiarias, goiaba, notas terrosas, mas com discrição. Representa bem a proporção do corte, com uso muito correto da madeira, sem excessos mesmo com o tempo em barricas de carvalho francês.
Vinho muito agradável, elegante e equilibrado, feito para comidas mais potentes, em ótimo momento para ser aberto agora ou guardado por mais 2 anos para ganhar complexidade. Mas, se você gosta dessa boa fruta e notas amadeiradas, abra agora. Se eu tivesse outra garrafa, deixaria guardada por mais um tempo.
Aliás, vale uma curiosidade: bebemos o vinho na segunda-feira, dia em que aconteceu o Winebar, mas deixamos cerca de 250 ml para o outro dia. Na correria só fomos beber o restante na quinta-feira e ainda estava muito bom, mesmo 72 horas depois de arrolhado e guardado na adega climatizada.
Uma curiosidade: no terceiro bloco do programa o painel era sobre vinhos elaborados a partir de vinhas velhas, cujo título era Old is the New “New”. Na busca por uma tradução para o português desse título, os apresentadores lançaram um pequeno concurso para que os degustadores pudessem enviar suas sugestões. Tive a felicidade de traduzir a frase para "Velho, mas de espírito novo", ganhando uma garrafa de vinho do MOVI, um Sauvignon Blanc do Vale de Casablanca que já chegou aqui em casa. Em breve estará aqui no blog.
Detalhes da compra:
Esse vinho é importado para o Brasil com exclusividade pela Rede Gourmet, de Belo Horizonte. É vendido a preços variando entre R$145-168, dependendo do estado e de sua situação tributária.
Mas, essa garrafa eu recebi para participar de mais uma edição do Winebar, no dia 24/11. Veja aqui como foi.
Saúde a todos!
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