Ultreia St. Jacques 2006
Vinhos

Ultreia St. Jacques 2006



O caminho perdura na lembrança de todos aqueles que o escolheram, a marca de quem o percorreu fica para sempre gravada no tempo. A minha caminhada até Santiago de Compostela já lá vai, os sons, cheiros e sabores daqueles dias inesquecíveis marcou-me, fui arrebatado pela história e sabores das variadas regiões que percorri passo a passo. Cheguei ao fim mas parece que a porta não se fechou, a vontade de voltar é grande, não é fácil virar costas a algo que gostamos muito como é o caso. O livro Gastronomia en el Camino de Santiago, da autoria de Maria Zarzalejos é uma belíssima obra que se apresenta com capa dura, cheio de fotografias de grande qualidade com uma abordagem cuidada sobre as províncias por onde se vai passando, com detalhes sobre a história, monumentos, gastronomia, fala-se dos vinhos ainda que muito superficial sobre castas e sobre a especificidade de cada zona, tal como os seus costumes. O grande destaque vai para as receitas que foram recompiladas e colocadas em destaque em cada uma das províncias por onde se passa, direi que são as mais emblemáticas feitas à maneira antiga, tradicional, podendo sempre variar conforme a mão que as prepara mas o que ali está está muito bem e recomenda-se. O preço do livro ronda os 55€ mas com alguma pesquisa consegue-se encontrar a preço mais comedido.

A receita, Perdices montañesas, vem da mesma zona que o vinho em causa para a acompanhar, o Bierzo, uma zona cuja presença do vinho e da vinha em muito se deve ao Caminho, aliás a influência Francesa foi grande até pelo nome com que acabou por ficar baptizado Caminho Francês. A variedade tinta que por ali reina é a Mencía, em Portugal tem por nome Jaén embora os vinhos do outro lado sejam mais cotados a nível internacional e por sua vez bastante mais procurados. O vinho que abri para acompanhar as ditas perdizes foi um Ultreia St. Jacques 2006 (Bodegas y Viñedos Raul Pérez), da autoria do estrelado enólogo Raul Pérez. O vinho vai buscar o nome à palavra Ultreia, de forte significado entre peregrinos e com origem na Idade Média, que significa "em frente", St. Jacques é o nome da vinha de onde é produzido e também o nome do apóstolo (leia-se São Tiago). A vinha são apenas e só uns meros 3.2 ha e é velha, foi plantada em 1889.

O resultado final com 13,5%Vol é um caldo 100% Mencía que tem direito no final a um estágio de 8 meses em madeira. Se até aqui a coisa já prometia, todo o resto é obra de um mestre enólogo de nome Raul Pérez, talvez o nome mais sonante da enologia moderna em Espanha, o nome que todos querem ter no rótulo, principalmente quando o projecto é recente e convém que a coisa seja bem feita, Raul sabe-o fazer como ninguém... apoiando-se firmemente na ideia que os grandes vinhos nascem na vinha e é nisso mesmo que ele se destaca. O resultado são vinhos altamente cotados e reconhecidos mundialmente pela quase totalidade dos críticos de renome, essencialmente os do Bierzo que ele domina como poucos e onde imprime uma frescura e elegância notável à casta e respectivos vinhos. 

Este não é excepção, mostra-se de aroma limpo e perfumado, muito bem composto com uma fruta madura ( amora e framboesa) muito presente, alguma geleia, bálsamo subtil, cacau, ainda um tempero especiado pelo meio com nota de fumo, tudo em boa intensidade com toque de mineralidade. Na boca todo ele concentrado, densidade de sabores com fruta em destaque, depois é uma passagem com suavidade mas com alguma secura no fundo, é vinho que ainda tem mais algo que durar, que mostrar, dá sinais de que a sua complexidade ainda não está na máxima plenitude. A frescura que o embrulha com a qualidade da fruta e a fineza do trato é o que mais se destaca, um vinho que na altura não me custou mais de 7€, hoje em dia esgota rapidamente assim que chega ao mercado... é rateado e alvo de cobiça, um Mencía de grande qualidade. Se o vir não pense duas vezes, a compra e a prova valem cada cêntimo de prazer... esta foi a minha penúltima garrafa, em relação à que abri no ano passado com um
amigo, notou-se um ligeiro refinamento, vou guardar a última e ver como se comporta para finais deste ano. 92 pts



loading...

- Mengoba Branco 2011
O projecto pessoal do enólogo Gregory Pérez teve origem em 2007 no Bierzo, dá pelo nome de Bodegas Mengoba, ali dominam a Mencia, Godello e Doña Blanca. O que agora me cai para o copo, o Mengoba branco 2011, lote resultante de Godello que fermenta...

- Leione 2005
Domínio DosTares é o nome da adega do Grupo Domínio de Tares (Bierzo) instalada e dedicada à variedade local Prieto Picudo, na zona de León e Zamora. O vinhedo é velho, entre os 80 e os 110 anos de idade, o vinho em causa Leione, é da colheita...

- El Nogal 2005
Como em quase tudo na vida, também o vinho é capaz de despoletar as mais variadas emoções, nada melhor do que ter um grande vinho num copo e quando o cheiramos pela primeira vez largar um sorriso. São estes vinhos que colocam um sorriso no rosto...

- Navaherreros 2007
Mais um projecto em estreia no Copo de 3, mais um que me conquista desde a sua primeira edição, não foram muitas colheitas é certo e tudo começou com este Navaherreros 2007 das Bodegas e Viñedos Bernabeleva, da DO Vinos de Madrid. Aqui segue-se...

- Bodegas Estefanía
É com enorme prazer que retorno a terras de Espanha e mais concretamente à D.O. Bierzo, onde reina a casta Mencia, introduzida pelos romanos faz mais de 2000 anos (a famosa Jaen no Dão). Curiosamente em Portugal são poucos os produtores que "ligam"...



Vinhos








.