Qual a graça de provar um vinho antigo? Veja nossa opinião sobre o Casa Valduga Seculum Merlot 2000 #cbe
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Qual a graça de provar um vinho antigo? Veja nossa opinião sobre o Casa Valduga Seculum Merlot 2000 #cbe



Algumas pessoas já me perguntaram: qual a graça de provar um vinho velho? Pergunta que esconde outras: por que abrir um vinho que pode estar estragado? Por que provar um vinho que perdeu suas principais qualidades?

A essas perguntas, sejam elas explícitas ou não, respondo: a graça está justamente em apreciar as transformações que o vinho sofreu durante o tempo em que está engarrafado.

Fico triste se o vinho estiver avinagrado, mas isso normalmente não é culpa do produtor, mas das condições de armazenamento que podem não ter sido as melhores.

Um vinho tinto com o passar do tempo vai perdendo cor, os taninos vão ficando mais macios, a acidez vai perdendo sua força e os aromas vão ganhando complexidade, porque a fruta vermelha perde espaço para aromas mais evoluídos.

Esse vinho de hoje foi aberto para a Confraria Brasileira de Enoblogs - CBE, cujo tema do mês foi sugerido pelo confrade Luiz Cola, editor do ótimo Vinhos e Mais Vinhos. Ele propôs: vinhos evoluídos, com pelo menos 10 anos de idade.

Tínhamos na adega esse Merlot da Casa Valduga que guardamos há alguns anos e um Cabernet Franc da mesma safra. Optamos por abrir esse para acompanhar uma torta de gorgonzola com brócolis e alho poró, além de um frango assado. Harmonização que ficou muito boa por sinal.

Mas, vamos ao vinho.

Ele pertence à antiga linha Seculum, que hoje equivaleria (penso eu) à linha Premium, vendido na faixa dos R$40-45. Na taça a cor era rubi no centro, mas as bordas alaranjadas. Minha filha de 7 anos foi a primeira a dizer: "a cor é diferente".


Servi o vinho diretamente na taça, mas o álcool estava bem presente (12,5% de teor). Então, deixei o vinho aerar por uns 15 minutos no decanter. Melhorou bastante. Aromas de boa intensidade, frutos vermelhos, chocolate e menta em alguns momentos.

Na boca tem corpo médio, com taninos finos ainda presentes e acidez bem marcante. Gastronômico e bem vivo. Final mediano, marcado pela fruta vermelha, tabaco e chocolate. A estrutura do vinho ainda é marcante, com gengivas marcadas pelos taninos e acidez salivando a boca.

Um show de vinho brasileiro, prazeroso ainda, sem defeitos e sem desequilíbrios.

Não sei se você consegue perceber "a graça" de provar um vinho desses pelo texto, então aconselho que não perca a chance de fazer isso um dia, porque é uma experiência diferente e sempre aprendemos algo com ela. 

* Esse é o 92º vinho que comento para a CBE, a primeira e única confraria virtual do Brasil.

Saúde a todos! 





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