Vinhos
Ossian 2007
O vinho em causa tem pouco que se dizer, para muitos aficionados é o melhor branco de Espanha, um branco de grande nível feito por mãos sábias, um projecto onde o objectivo é fazer vinho branco de alta qualidade e concretizado por nomes como Javier Zaccagnini (fundador das bodegas AALTO juntamente com Mariano Garcia), Ismael Gozalo e do enólogo francês Pierre Millemann (Borgonha). Um projecto de nome Ossian que assenta na complexidade dos quase 30 ha de vinhas velhas 100% Verdelho, pré-filoxéricas, com idade a rondar os 100 a 200 anos, cachos muito pequenos com produção diminuta e altíssima qualidade. A altitude tem um papel importante, as vinhas em Nieva (Segóvia) com os seus 12 ha são as que gozam da maior altitude na D.O. de Rueda, 840 a 930 metros sobre o nível do mar. Deste Ossian foram engarrafadas 40.000 garrafas a 12 Setembro de 2008 e colocado no mercado em finais de Outubro do mesmo ano.
Um vinho deste calibre tem obrigatoriamente de constar nas garrafeiras dos apreciadores mais exigentes, até porque um dos seus pontos altos para além do que evolui em garrafa e do que nela dura... é o preço. Um vinho deste calibre que é reconhecido mundialmente, aqui entende-se que quando as coisas são realmente bem feitas têm sempre um reconhecimento merecido, num preço "real" que ronda os 20-30€ e bem comprado será sempre na casa dos 20-25€, claro está que nestas coisas há sempre quem exagera e meta a mão, querendo fazer disto a negociata da vida e por cá aparece quase sempre com mais 10€ em cima.
Este 2007 mostra-se com 13.5% Vol. um nariz de enorme compostura e complexidade, não é a chamada bomba de cheiro mas um vinho com uma boa intensidade onde tudo o que mostra mostra bem, dá para sentir tudo de forma muito explicita e directa, cativa pois desde o primeiro impacto. A barrica já se encontra bem discreta, ligeiro na baunilha e na tosta, flores do campo, vegetal fresco com ponta herbácea e fruta fresca bem limpa (citrinos, ligeiro tropical, pêssego ) alguma geleia, fruto seco com gravilha no fundo por onde todo o conjunto vai passando. Num todo sem ser pesado, com alguma nota de pastelaria, elegante, harmonioso com uma acidez que lhe confere uma frescura necessária para não nos deixar pregar olho.
Boca feita para durar, ainda algo compacto e cheio, profundo, com toque de untuosidade e arredondamento ligeiro conferido pela barrica, um vinho com frescura a marcar presença, fruta com citrinos, alperce, toques vegetais com mineralidade de fundo, alguma pimenta, num todo em que a casta não perde identidade antes pelo contrário, o vinho impõe-se na prova que dá, conquista com todos os seus atributos num conjunto de grande categoria.
Pessoalmente sempre o achei marcado pela madeira nos primeiros tempos de vida após o lançamento no mercado, suplica-nos por tempo em garrafa, é um vinho para gente paciente e não para apressados que mal salta o vinho para a estante já estão a querer despejar no copo... este é dos que precisam mesmo de tempo. Depois de um 2006 em que a coisa andava a lamber a madeira, bastante mesmo enquanto novo, neste 2007 eis que a coisa está mais composta, mais dialogante e mais requintada... direi luxo ? Já por aí anda o 2008 mas cá para mim ainda falta tempo para que aqui venha falar dele. Antes de mais, precisa de copos largos e enormes. 17 - 93 pts
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