Marias da Malhadinha 2004
Vinhos

Marias da Malhadinha 2004


Um dos grandes da Albernoa(Alentejo) e de Portugal, a Herdada da Malhadinha Nova, produtor que em pouco tempo passou de revelação a confirmação e uma aposta bastante sólida quando toca a vinhos com personalidade e consistência colheita após colheita.
Mais uma vez a imagem transmitida pelos vinhos que aqui são produzidos, é uma imagem inovadora, bastante dinâmica e jovem. Tão jovem, que se apresentou no mercado com os rótulos dos respectivos vinhos a serem desenhados pela mais nova geração da família Soares, inspirando com os seus desenhos ou mesmo dando origem a nomes de vinhos como é o caso do Pequeno João. E para não fugir à regra, mais uma vez os petizes da família Soares, que entre ambos partilham o nome Maria, foram fonte de inspiração para mais um vinho, o Marias da Malhadinha 2004, que tem em vista prestar homenagem às Marias de Portugal, não fosse Portugal um país dedicado ao culto de Maria.
É uma novidade que segundo palavras do produtor, apareceu de forma muito natural, partindo da ideia de colocar de lado uma selecção das melhores barricas de 2004 com o objectivo de avaliar a evolução dos vinhos da casa, com algum tempo em barrica. A respectiva evolução mereceu que o vinho fosse engarrafado e comercializado, nascendo assim o topo de gama deste produtor, que passou 26 meses em barrica nova de carvalho francês e mais 10 meses em garrafa, até ter chegado o momento da sua comercialização.

Marias da Malhadinha 2004
Castas: Aragonês, Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional - Estágio: 26 meses barricas novas carvalho francês e 10 meses de garrafa - 14,5% Vol.

Tonalidade granada escuro e quase opaco de concentração.
Nariz a mostrar um vinho de aroma austero e muito concentrado, fruta dominada por todo um conjunto assente de momento nos derivados da passagem por madeira, com ligeiro toque lácteo pelo meio. Sente-se um tom morno nas variedades de chocolate preto, fumo, baunilha e café creme, rodopio de especiarias que liga a uma brisa de leve balsâmico com alguma resina no segundo plano. Tudo a sentir-se muito junto, compacto e de boa intensidade.
Boca a revelar um vinho não tão intenso como a prova de nariz nos poderia querer indicar, apresentando-se de estrutura sólida mas com corpo médio. A fruta parece tapada pelas notas de cacau, tosta, especiaria, tudo muito junto com sensação de adocicado, contando com brisa fresca que percorre todo conjunto. No segundo plano mostrou um travo amargo que recorda pinho verde, uma sensação pouco agradável que parece dar um ligeiro sabor azedo ao vinho, com o final a revelar-se de persistência média.

Um vinho que na altura da prova se mostrou algo fechado e com a madeira a querer ter, grande parte do protagonismo. A prova que dá tem o seu toque inegável de qualidade, mas ainda é cedo para se falar em equilíbrios ou harmonias, pois tempo é o que o vinho pede, para que tudo se possa interligar, harmonizar e amaciar. O toque acre que se sentiu na boca durante a prova, desde a temperatura inicial de 14ºC até aos 18ºC, deixa alguma preocupação e denota claramente uma passagem muito longa por madeira. Resta esperar que essa mesma sensação seja diluida com o tempo de garrafa, o que pode ou não acontecer, e nessa altura teremos de questionar os cerca de 60€ que este vinho custa em garrafeira.
16,5



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