Tem-se bebido bem cá por casa. O que, junto com o vazio de inspiração que se tem reflectido nos últimos
posts, levou a que se tenha acumulado, mais uma vez, uma quantidade assinalável de vinhos até porreiros, cromos apetecíveis à espera que a modorra passe e finalmente me decida a colá-los aqui na caderneta.
Ora vamos lá fazer isso com um deles. Como de costume, introduza-se:
Alentejano, topo de gama da Casa de Santa Vitória.
Blend de Touriga Nacional e Merlot. Após desengace total, as uvas fermentaram em cubas-lagar com robot de pisa. O vinho resultante foi sujeito a fermentação maloláctica em barricas novas de carvalho francês, onde estagiou durante os 8 meses seguintes. Parece que ainda o afinaram durante mais uns tempitos em garrafa antes de o lançarem no mercado, coisa que pouco interessa neste caso específico, já que tempo de prateleira não era coisa que diria faltar-lhe quando o adquiri há mais ou menos um ano atrás.
Introduzido o vinho, isto é, uma vez replicado o conteúdo do contra-rótulo e/ou ficha técnica, seja citado ou papagueado por palavras próprias, chega a altura em que, sem qualquer elemento conector excepto a supressão do redundante «comprei o vinho e depois bebi-o. . . isto é, provei-o com método e bebi o excedente (se um gajo gosta ser levado a sério, tem de fazer por parecê-lo)» que já ninguém precisa de ler por ser sempre assim, aqui e nos outros cyber-botecos de amadores do vinho, digo que tal me pareceu o dito, procurando utilizar a gíria do meio tanto quanto possível (mas sem exageros). No caso,
Muito concentrado na cor e no aroma, dominado por excelentes frutos negros no ponto ideal de maturação, inicialmente encobertos por densas notas de barrica — da panóplia de impressões que a palavra traduz, não resisto a destacar certos abaunilhados límpidos, doces, que achei simplesmente deliciosos — e florais, inconfundível assinatura da Touriga Nacional, num todo de perfil forte, maduro e vigoroso. Que se confirma na boca, esta de intensidade e estrutura notáveis, com acidez vibrante e taninos ainda um pouco duros, mais notórios no final. . . longo. Não fará mal referir caramelo e especiarias com o tempo de abertura; também curiosas sugestões de pêssego.
Por fim, convém apresentar-se uma conclusão, que deve ser curta e (pelo menos) parecer contundente: o resto pouco interessa — Exemplo: Nota-se um vinho coeso e cheio de qualidade, que desde já dá uma prova de grande nível, embora ainda não esteja no ponto — e, mais importante ainda, o preço (que dá lustro ao cromo) — Custou 25€ — bem como o
numerozinho da qualidade, devidamente destacado de tudo o resto, como aliás não poderia deixar de ser, dado que basta olhar para ele para se poder dispensar a leitura do entediante bloco de texto que o antecede: se assim não fosse, porquê o marcado destaque visual relativamente à vizinhança? Para atrair parceiros?
:)
Vamos, vamos. . .
17,5
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