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Campolargo 2007
Na vida tudo muda, tudo se transforma e nada se perde... recordo com boa memória e um sorriso no rosto a primeira vez que provei um Campolargo, colheita de 2002 num blend Pinot Noir (50%) e Baga (50%). Na altura o Copo de 3 estava a começar, eu acostumado a beber vinhos do Alentejo sabia lá o que era um Pinot Noir a "fazer lembrar" a Borgonha... uma Vergonha pois claro, mas para se saber primeiro temos de aprender e foi o que tenho feito e tentado fazer ao longo destes anos que passaram. Aprender com todos aqueles que sabem e mostram gosto em ensinar... e tanto que eu gosto de aprender com eles e estar na sua companhia. Na altura escrevinhei, penso que em 2005, que era um vinho que não tinha entendido muito bem, pouco concentrado de aromas, tímido e com aroma a framboesa e alguma madeira à mistura, com acidez na boca, alguma secura e não era do Alentejo... bruxo.
Pois bem, passaram 5 anos e tenho à frente o Campolargo 2007, um 100% Pinot Noir que deixou de ser um "desentendido" e passou a constar da minha lista pessoal, talvez até como o melhor exemplar desta casta a nascer em Portugal.
Campolargo 2007Castas: 100% Pinot Noir - Estágio: Barrica de segundo ano e balseiros até 14 meses - 14,5% Vol.Tonalidade granada de média/baixa intensidade.
Nariz a mostrar boa intensidade, fruto vermelho limpo e bem maduro (framboesa, groselha, morango) com algum rebuçado e notas vegetais em harmonia e delicadeza, chá verde, hortelã-pimenta, mato rasteiro, musgo, tudo bom de cheirar e de se gostar, num todo sempre fresco e com algum floral, violetas à mistura, poucas mas cheirosas com tabaco seco e um leve fumado de fundo. Mostra de forma bem clara a casta de que é feito, sem que a madeira por onde passou marque o vinho com extras supérfluos e maçadores, tudo muito harmonioso e embrulhado numa delicada complexidade, parece uma filigrana de apontamentos com o amparo da madeira que se sente mas passa ao largo.
Boca com corpo delicado mas não franzino, é estruturado e bem fresco, sente-se harmonia e solidez naquilo que tem para mostrar, com a fruta vermelha suculenta (framboesa, groselha e morango) bem madura com fumo e vegetal fresco a conferir alguma secura em segundo plano. Vinho muito limpo tanto de aromas como de sabores, com final fresco e de boa persistência
O que me apetece dizer depois de provar este vinho ? Quero mais, quero ter mais umas garrafinhas em casa e bem à mão para abrir com os amigos e cheirar vezes sem conta. Bebe-se muito bem e deixa-se beber ainda melhor, convida à mesa, gosta de se fazer acompanhar por requintados pitéus e que bem o sabe fazer. O preço até nem é alto, ronda os 20€, para uma produção pequena comparada com grandes volumes e tendo em conta alguns fantásticos barretes que se compram pelo mesmo preço vindos directamente da Borgonha por exemplo. É certamente um produtor a ter debaixo de olho, merecendo lugar de destaque na garrafeira pelo exemplo do bom que se faz em Portugal, eu pelo menos começo a aproximar-me cada vez mais. 17 - 92 pts
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