Vinhos
Allons, enfants!
Nunca deixe de ter seu vinho preferido sempre perto de você. A falta de uma simples garrafa ao alcance das mãos tem o poder de arruinar um império. Que o diga Napoleão Bonaparte.
Desde que deixou a casa dos pais, na Córsega, o futuro imperador da França sempre manteve perto de si uma garrafa do vinho de sua terra natal. Durante a estada na região da Borgonha, o então oficial de artilharia Bonaparte conheceu o tinto Chambertin e se tornou um fã incondicional. A partir daí, alistou em sua dieta militar o tinto encorpado produzido na comuna de Gevrey-Chambertin, entre Beaune e Dijon.
Preferia degustar o vinho no front. Longe da pompa e das circunstâncias dos banquetes oficiais. Para essas últimas ocasiões, e para as noites em companhia de sua Josefina, preferia o champagne: " merecido nas vitórias, necessário nas derrotas". Não à toa, a Casa Möet & Chandon batizou seus bruts com a palavra imperial.
Conta-se que Napoleão também foi um grande apreciador de cognac. Política. O soldado gostava mesmo era de vinho e tinto. Na hora do rancho, sem frescuras, comia com as mãos e esfregava o pão no molho que sobrava no fundo do prato, sempre na companhia de meia garrafa de Chambertin que, fiel aos hábitos e infância, diluia com um pouco de água.
Para ocupar o Egito, levou uma provisão tão grande da bebida que, ao retornar vitorioso com várias caixas, primeiro elogiou a resistência de seu vinho, depois, de seus exércitos. Quando invadiu a Rússia, sabendo que a batalha ali era dura, aumentou o estoque. Com uma taça na mão, celebrou a vitória em Borodin contra as tropas do General Kusov. Na mesma campanha, chegando em Moscou, encontrou uma cidade vazia e em chamas. Como ninguém sobrevive ao inverno russo sem vodka, teve de se retirar às pressas. Na operação, para abater o moral do imperador francês, os cossacos aproveitaram para surrupiar algumas das preciosas caixas de sua adega itinerante.
Para Napoleão, não havia campanha militar sem que houvesse vinho. " Sem vinho, sem soldados" . Tivesse levado a sério sua célebre frase, a história seria outra. Uma única vez não houve vinho entre as provisões do invencível exército francês. Na última da batalhas. Waterloo.
Exilado na ilha de Santa Helena, o grande imperador morria aos poucos, não envenenado pelos ingleses como se acredita, mas pela falta de pinot noir. Por castigo, só lhe serviam " aqueles vinhos fraquinhos de Bordeaux".
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