Vinhos


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A "arte" de bem duvidar
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Não há muito tempo, num jantar bem animado entre amigos, bebemos (não foi uma prova) um belo alvarinho português a par de um também belo albarinho galego e ainda outros dois tintos. O albarinho galego assumia a passagem por madeira enquanto o minhoto indicava apenas inox. Como nós por aqui não bebemos rótulos - e muito menos provamos -, escrevemos num caderno de provas a nossa primeira impressão sobre ambos os vinhos. Alguns dias depois, após maior reflexão, desenvolvemos o escrito e colocámos no blog (ver aqui) sem atribuir nota como é habitual quando bebemos/provamos vinhos em jantares.

O mais curioso, é esta a razão do presente texto, é que ambos os vinhos nos pareciam ter passado por madeira. O galego claramente com notas amanteigadas que não podiam dever-se apenas ao batonnage. O minhoto, apesar de menos evidente, também parecia indicar isso mesmo, sobretudo no nariz, levemente fechado num ligeiro aroma eventualmente típico do uso do carvalho. Repetimos o que já dissemos, "como nós por aqui não bebemos rótulos", escrevemos no blog isso mesmo, ou seja que o nariz parecia denotar a passagem, ainda que ligeira, por madeira.
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Sucede que, nos dias seguintes à publicação do texto, dois foram os comentários no sentido de que o vinho minhoto não tinha madeira e que, assim, o mais provável é que não tínhamos provado bem (apelidou-se de "calinada" o suposto lapso). Um dos comentário insinuava que tínhamos bebido demais e que tal vinho não podia, em caso algum, ter passagem por madeira pois tinha uma mineralidade única em Portugal. Como sempre, não apagámos nenhum dos comentários, e demos o privilégio da dúvida a quem, por vezes apenas a título enciclopédico, sabe sempre (nem que seja pelas revistas) se determinado vinho tem ou não madeira. Quanto a nós, e também andamos nisto faz algum tempo, assumimos sempre o lapso e foi o que fizemos na altura.

Mais curioso é que (e já tínhamos esquecido o assunto) durante os 3 dias do EVS, foram várias as pessoas, algumas que nunca viramos antes, que nos relataram que tiveram exactamente a mesma sensação com aquele alvarinho daquela colheita. Mais ainda, outros, tanto na área da distribuição como na da crítica, confirmaram a suspeita de que o vinho tem, pelo menos, 20% de madeira. Ao invés, o produtor, que também estava no EVS, nega.

Se o vinho tem, efectivamente, 20% de madeira, então ficamos contentes pela nossa intuição. Se não tem, ficamos contentes por sabermos agora que não fomos os únicos a duvidar. Mas mais importante do que saber quem tem razão, é observar que, afinal de contas, não era assim tão certo que tal alvarinho não tivesse madeira e que, por isso, as dúvidas eram legítimas. Na prova de vinhos, aliás, quase todas as dúvidas são legítimas, e mesmo a análise a uma ficha técnica enviada pelo produtor não deve turvar a opinião (que se quer) crítica. A nosso ver, claro está.

NOG
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