Vinhos
Kang & Kodos
Estes Kang e Kodos são porquinhos-da-índia e vão fazer dois dias cá em casa. Nunca tínhamos tido destes bichos, mas a S. leu que eram bastante inteligentes e sociáveis. Assim, resolvemos arranjar um par deles.
Kang (foto de cima) é branco e cor de caramelo. Aparenta ser o mais parado, mas também o mais inteligente dos dois. Sabe quando ser cobarde e sabe quando se aventurar. Não é o animal dominante, mas tem conseguido sempre o que quer, incluindo ficar a viver dentro do "túnel" — um tubo que já conteve uma garrafa de vinho do Porto — que ambos tanto adoram.
Já Kodos — que se distingue de Kang por ter umas manchas pretas — é o "bicho do mato" por excelência. Aventureiro q.b., vai sempre à frente, e é a ele que o Kang recorre quando se vê em apuros. Este traço de carácter leva-o a ser o animal dominante dentro da gaiola, mas também gera incidentes. Ainda há bocado, por exemplo, dormia a S. a sesta com os diabretes no sofá, eu muito entretido com os meus joguitos de xadrez online... Quando olho para onde eles estavam, não vi o Kodos. Não tive de procurar muito. Tinha saído, sorrateiro, de cima da almofada "especial" deles e estava aninhado, já meio a dormir, dentro de um saco. O saco onde se vai metendo o cocó deles, embrulhado em papel higiénico, enquanto estão ao pé de nós. E que já estava bem cheio. Ora, são roedores: só sabem cagar. E se não se for recolhendo o cocó à medida que o fazem, pode acontecer comerem-no todo, o que não lhes faz mal, mas nunca é muito bonito de ver.
Enfim, os bichos têm-se revelado adoráveis e andamos muito entretidos com eles. Ainda bem que os comprámos.
A propósito, o grande Manuel Bandeira escreveu um dia:
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.
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