Prova à Quinta ... Tinto Português de Perfil Clássico
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Prova à Quinta ... Tinto Português de Perfil Clássico



Ora com um atraso Carnavalesco aqui está o Prova à Quinta... seguindo o desafio de:
Apresentar um tinto de Perfil Clássico proveniente de uma qualquer região de Portugal... ainda existem vinhos assim ? 

Inicialmente o intuito era provar um tinto, mas optou-se por alargar o respectivo desafio para um Vinho de Perfil Clássico.

O primeiro a responder foi o blog Garficopo com um Quinta das Bágeiras Garrafeira Branco 2007 (Bairrada):
"...A concentração dada pelas vinhas velhas, o estágio em madeira usada, a fuga à frutinha fácil, a capacidade de evolução em cave, a mineralidade, o equilíbrio geral, a aptidão gastronómica e acima de tudo, a expressão do terroir tornam este vinho em algo quase único, mas que ainda faz lembrar (embora de uma forma elevada e sublime) os velhos vinhos brancos da Bairrada que o meu avô fazia..."


Seguido do Adega dos Leigos com um Meia Encosta 1999 (Dão) :
"A minha escolha foi um vinho do Dão, um Meia Encosta 1999. Escolhi um clássico "low cost" da região, pois este vinho é um vinho muito acessível, cerca de 3€, de anos mais recentes, e que já tem muita história na região. Desde o seu lançamento em 1970 que cativa alguns consumidores diários. Mas este já estava na garrafeira à muito tempo, até pensei que já não tivesse grande coisa, mas enganei-me."


A voz de quem visita os blogs também é importante, Pedro Sousa P.T. escolheu um Quinta da Mimosa 2007 (Palmela/Setúbal)
"O Castelão no seu melhor, uma casta bem Portuguesa, numa região muitas vezes esquecida, tal qual como a casta, virando-se as atenções para as Tourigas e restantes castas de modas. Um "Perdigueiro Português", ou um "Cão de Água Algarvio" do vinho. Bem nacional. Acompanha muito bem uma carne vermelha de forno, e até uma bacalhauzada. E claro a representar a região, marcha lindamente com sardinha assada, bem gorda, a pingar no Pão. Em minha opinião um vinho forte, marcante, mas a elegância a espreitar. No nariz a fruta vermelha lá anda. Na boca, taninoso, mas não rugoso, com um fim de de boca prolongado.
Um vinho acessível, entre os 6 e 7 euros, portanto em tempo de crise, não faz mossa na Carteira. Este é classico e existe."


e o Valter Costa também leitor escolheu um Quinta de Alcube 2008 (Palmela/Setúbal) :
"Vinho feito com Castelão e Trincadeira.Vinho de entrada da gama. No nariz, veio o cheiro dos antigos vinhos aqui da península de Setúbal. Que saudades que eu já tinha de cheirar um vinho assim aqui da região. Acho que não precisamos das diversas castas que ultimamente andam a plantar na zona! Na boca é um vinho guloso e que tem 14% que não se nota.Para o preço que custa 2,75€, temos uma qualidade/preço imbatível."


Desde o Pontão das Vinhas encheu-se o copo com o já clássico Cooperativa de Borba Rótulo de Cortiça Reserva 2005 (Alentejo):
"O vinho apresentou uma cor rubi, com algumas nuances acastanhadas. No nariz, muito agradável, fruta, alguma passa, balsâmicos, madeira. Na boca mostrou-se um tinto cálido e envolvente, taninos finos, muito fresco, boa acidez e os apontamentos balsâmicos no final, cheio de carácter. Acompanhou com grande dignidade um assado de borrego no forno, durante um jantar de família. Um tinto que sem dúvida define o perfil clássico de uma região."


O Pingamor foi também à Coop. de Borba e provou o mesmo vinho, Coop Borba Rótulo de Cortiça Reserva 2005 (Alentejo):
"Este é um clássico alentejano, um vinho com décadas de existência, verdadeiro exemplo da região e que já provou ser capaz de envelhecer dignamente. Ultimamente, nestas últimas colheitas, o perfil mudou um pouco, a fruta está mais presente e gulosa, com apontamentos um pouco mais modernos e mundanos. Mas a sua alma alentejana está bem presente e não engana. É um vinho que é alentejano e tem gosto e orgulho em o ser. As próprias castas são as que antes eram, as que antes faziam grandes vinhos no Alentejo. Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e, pasme-se, Castelão, sim, a casta que agora estão todos a arrancar para plantar as internacionais Syrah e Petit Verdot. Como antes, o vinho ainda passa por toneis de madeira exótica e também por barricas de carvalho francês. Eu gosto deste vinho, gosto da sua fruta, da sua frescura floral, o chocolate de leite. Boca ampla e fresca, com brisa morna da planície. É um vinho de saudade e para saudosos, como eu. "


As participações continuaram, desta vez o Enófilo Principiante escolheu um vinho do Douro, um Apegadas Quinta Velha 2007 :
"...mostrou-se extremamente equilibrado, suave e harmonioso, sem deixar de apresentar toda a sua potência e estrutura duriense. É também produzido a partir de castas autóctones, típicas do Douro, como a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca. Por isso, pode ser considerado um exemplar digno dos perfis clássicos dos tintos do Douro."

Na Magna Casta, optou-se por um Dão, Terras de Tavares Reserva 2003 :
"...fui à minha garrafeira procurar um vinho tinto de perfil clássico de uma qualquer região de Portugal.
Cheguei rapidamente à conclusão que cada vez isso é mais difícil, tanto que à primeira até fui escolher um branco. Depois é que me apercebi que estava pitosga e não tinha lido a palavra tinto no desafio.
E foi assim que surgiu este Terra de Tavares Reserva 2003 no meu copo."



Enquanto o Art Meets Bacchus teve a escolha mais irreverente de todas com um Casal Figueira Colheita Tardia 2002 :
"A "Late Harvest" with 9 years of the late António Carvalho. This was the wine I chose to characterize a region, Torres Vedras. I chose it because I liked his irreverence and remember the good times I spent in Á-of-Cunhados every time I went there to talk about wine with him..."

Fora de mim querer julgar escolhas de um ou de outro, nada disso, antes pelo contrário terei de agradecer a coragem de participarem nesta pequena brincadeira. O novo desafio já foi lançado e espero que a participação continue a ser a mesma ou mesmo aumentar. Aconselho vivamente quem lê e quem participa a visitar os links dos respectivos vinhos provados, as palavras muito certas que surgiram na Magna Casta revelam a dificuldade de encontrar nos dias de hoje um vinho de perfil Clássico, esses vinhos que antes eram o exemplo de uma região, que com grande facilidade se destacavam em prova cega... são hoje cada vez mais complicados de encontrar, temos de dar vivas aos heróis que neles continuam a apostar, gentes que lutam contra o implacável monstro da globalização. Até mesmo um Rótulo de Cortiça da Coop. de Borba já afinou agulhas... ainda mostra o Alentejo mas não como mostrava há uma década atrás. Quem perde é o consumidor e as próximas gerações de consumidores , os nossos filhos, terão certamente dificuldade em entender o que afinal de contas é isso de um perfil clássico de uma região... 



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