Vinhos
2.º jantar do Comité Vinícola
O segundo jantar do Comité Vinícola (para o primeiro ver aqui) começou com um duelo de alv(b)arinhos. Do lado nacional, um Soalheiro Primeiras Vinhas (B) 2006, do lado de lá da fronteira, um Fillaboa Selección Finca Monte Alto (B) 2005. Infelizmente para nós lusitanos, o ano da colheita e o facto de já levar mais de dois anos em garrafa contribuiu para uma vitória do branco galego. A colheita de 2005 foi muito superior à de 2006 (este muito quente, como é sabido), e os alvarinhos melhoram realmente com algum estágio em garrafa. O Fillaboa (este "Monte Alto" é bem mais complexo do que o "Joven" e mais fresco que o "Fermentado en Barrica", todos da mesma casa) esteve em grande nível, quer de nariz quer de boca, mais fino e elegante que o Soalheiro, este ainda muito preso (como que marcado pela madeira, como eu pensei que fosse mas enganei-me redondamente como podem ver pelos comentários) pelo ano. Enfim, vitória para a Casa de Masaveu. Ambos os vinhos têm um preço abaixo dos 20 € (o português, contudo, como é habitual, um pouco mais caro que o galego).
Depois foi tempo de novo duelo entre Portugal e Espanha, desta feita entre duas regiões com pouco em comum, à parte de serem (e não é pouco...) ambas berço das melhores vinhas velhas da Península Ibéria. De um lado, o famoso Sol LeWitt (T) 2001 do Douro (que saiu em estreia com a revista de prestígio espanhola "Matador"), do outro um Vall Lach Idus (T) 2004 do Priorat. Se este mostrou um nariz incrivelmente original, com o habitual carácter mineral dos tintos da região "blendado", todavia, com um fruto em rebuçado, o que se explica pelas castas utilizadas – desde a típica Cariñena da região (em cerca de 45%), passando pelo Merlot, Cabernet Sauvignon, e ainda Garnacha e Syrah - já o vinho da Niepoort revelou um elegância imbatível, uma fruta de excelsa qualidade e um final de boca de deixar KO muito vinho bordalês. Enfim, um empate será um resultado justo (com ligeiro ascendente do duriense), mas se o Idus primou pela originalidade (precisa contudo de garrafa para ver o que dá), já o Sol LeWitt nos pareceu um Douro clássico na sua plena forma, um Douro de topo! Acresce que é um vinho irrepetível pois os vinhedos que lhe deram origem foram arrancados. Ambos os vinhos são dispendiosos, o espanhol a menos de 50 € e o português acima.
Ainda tempo houve para um Casal Figueira Petit Manseng (B) 2005, outro vinho irrepetível a mostrar-se muito fresco, esguio de corpo mas com complexidade - o clássico toque iodado num fundo floral. Um final de jantar em homenagem a António de Carvalho, o criador do projecto Casal Figueira neste branco da conhecida vinha situada em A-dos-Cunhados que consta que já foi arrancada.
E claro, parabéns ao Cláudio pelo magnífico fundue que revelou ser, uma vez mais, um óptimo "acompanhamento" de vinhos.
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